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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A alimentação dos pacientes portadores de insuficiência renal crônica em hemodiálise

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma síndrome complexa que se caracteriza pela perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Por isso, os pacientes com a doença devem receber algumas orientações alimentares específicas. Veja abaixo:

Proteína: para pacientes em regime crônico de hemodiálise não é obrigatória a restrição protéica. Cada paciente deve ser tratado individualmente, sendo o padrão de recomendação de proteína da dieta semelhante ao de indivíduos normais, de 1,2 g/kg de peso ideal ou desejável/dia (em manutenção) e de 1,2 a 1,4 g/kg de peso ideal ou desejável/dia (em condições de repleção). Deste valor, mais de 50% da proteína deve ser de alto valor biológico.

A maior restrição dietética desses pacientes não é necessariamente em relação à proteína ingerida através da dieta, mas sim ao teor de fósforo que está naturalmente presente nas mais comuns fontes protéicas que compõem a alimentação habitual do brasileiro, como carne, leguminosas, oleaginosas leite e derivados, entre outros. Geralmente, para esses pacientes não elevarem seu nível sangüíneo de fósforo, são utilizados medicamentos especiais, como quelantes de fósforo, sendo assim a proteína absorvida e o excesso de fósforo são eliminados.

Mas é importante lembrar que, se a ingestão protéica exceder a recomendação, o quelante de fósforo não agirá conforme esperado. Portanto, a recomendação dietética deve ser seguida e sempre monitorada por um nutricionista, assim como exames bioquímicos devem ser solicitados pelo médico para o acompanhamento do fósforo sérico. A dosagem do quelante de fósforo também deve ser revista pelo nefrologista responsável para cuidados constantes do paciente.

Calorias: quanto ao valor calórico da dieta e percentuais de gordura e carboidrato, novamente deve-se ter em mente que cada paciente é um caso diferenciado a ser estudado. O primeiro nutriente a ser calculado é a proteína, depois se completa o valor calórico da dieta com os lipídeos e carboidratos, levando em consideração que alguns dos renais crônicos podem ser diabéticos ou apresentar dislipidemias. Geralmente, quando não há diabetes ou hipertrigliceridemia, os carboidratos, tanto simples quanto complexos, são boas opções. Não se pode esquecer de priorizar as fontes lipídicas em poliinsaturados e monoinsaturados, evitando ao máximo a gordura saturada.

As calorias recomendadas são (sempre usando o peso ideal ou desejável):

- Manutenção: 30 a 35 kcal/kg/dia

- Repleção: 35 a 50 kcal/kg/dia

- Redução: 20 a 30 kcal/kg/dia

Muitos dos renais crônicos em regime prolongado de hemodiálise não são obesos, pelo contrário, alguns até apresentam desnutrição ou elevada perda de massa muscular. Portanto, a restrição calórica nem sempre é necessária.

Potássio: este eletrólito deve ser controlado através de exames de sangue e é necessária restrição alimentar das fontes que o ofereçam quando estiver aumentado. Hortaliças, leguminosas e oleaginosas apresentam elevado teor de potássio. O processo de cozimento em água promove perda significativa desse eletrólito.

Sódio: é necessária a restrição de sódio a fim de controlar a pressão arterial e evitar a ingestão de líquidos. Deve-se orientar os pacientes a usar pouco sal de adição na dieta. A recomendação é de 1 a 1,5 g de sódio/dia (o equivalente a aproximadamente 3,75 g de sal de cozinha).

Líquidos: a quantidade de líquidos permitida ao dia é prescrita levando em conta o volume residual urinário de 24 horas, adicionado de 500 ml de líquidos. Lembrando que sucos, gelatinas, gelos, caldos e sopas também devem ser considerados como líquidos, não somente a água.


Abraços e até a próximaaaa ;)

Bibliografia (s)
1. Cuppari L et al. Doenças renais. In: Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar UNIFESP/ Escola Paulista de Medicina - nutrição clínica no adulto. 1a ed. São Paulo: Manole. 2002. p. 167-199.
2. Martins CM, Riella MC. Nutrição e hemodiálise. In: Riella MC e Martins CM. Nutrição e o rim. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2001. p. 114-131.
3. Cabral PC, Diniz AS, Arruda IKG. Nutritional evaluation of patients on hemodialysis. Rev. Nutr. 2005;18(1):29-40. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732005000100003. Acessado em 21/03/07.

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